Resumo: Artigo 36294
Produção científica e saberes escolares na área de ensino de genética: olhares e tendências (14, 39, 48, 58, 67, 76)
Tania Goldbach, CEFET QUIMICA - RJ, BrazilAretusa Macedo, CEFET Quimica - RJ, Brazil.
Apresentação: Wednesday, May 29, 2008 1:15PM - 3:15PM sala 211 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 39 - Chair: Luiz Otavio Ferreira
Abstract.
Este trabalho tem como objetivo problematizar e identificar as contribuições da comunidade de professores e pesquisadores da Área de Ensino de Biologia para um renovação necessária no ensino da temática genética e afins. Esta área tem sido reconhecida, na literatura acadêmica, como uma das mais importantes de ser trabalhadas, assim como aquela que mais apresenta dificuldades no processo de ensino-aprendizagem dentro do campo da biologia. Agrega-se a este fato a importância que a temática assume na sociedade baseada na tecno-ciência que vivemos. É reconhecida a necessidade de renovação na forma como se aborda o assunto nos ambientes escolares e na divulgação científica, onde predomina uma abordagem simplificadora do papel dos genes nos sistemas genômicos, celulares e frente ao desenvolvimento dos organismos. Este, associado a uma compreensão confusa das bases conceituais da área de genética, pode gerar uma apreensão pouco crítica das possibilidades de manipulação e intervenção no material genético, supervalorizando estas possibilidades e naturalizando opiniões sem questionamentos. Foram focalizados os três principais eventos acadêmicos da Área de Ensino de Biologia e Ciências Encontro Perspectiva do Ensino de Biologia - EPEB, Encontro Nacional de Pesquisadores do Ensino de Ciências - ENPEC e Encontros Regionais e Nacionais do Ensino de Biologia - EREBIO/ENEBIO realizados entre os anos de 2001 e 2006, sendo analisados 11 Anais relativos aos mesmos. Deles foram selecionados, listados e catalogados os trabalhos que abordavam a temática Genética e Hereditariedade. Desta maneira, o presente trabalho faz uma revisão da bibliografia pertinente a levantamentos da produção acadêmica; descrição da metodologia e dos resultados do levantamento específico realizado; e, discussão de possíveis caminhos para a renovação da genética escolar. Como resultado do levantamento dos Anais, tivemos listado 117 trabalhos relacionado à temática genética e afins. Dentre esse total, classificamos os trabalhos em duas categorias: (1) trabalho de cunho acadêmico e, (2) proposição/aplicação de atividades práticas. A primeira categoria apresentou 67 trabalhos, e a segunda 50. Outra análise realizada diz respeito à natureza destas pesquisas. Isto é, se fazem parte de (a) experiência em sala de aula, (b) pesquisa de mestrado ou doutorado, (c) projeto de extensão e, (d) atividade de prática de ensino, didática especial ou metodologia de ensino. O que observamos foi que dos 55 trabalhos analisados, 24 são frutos de pesquisa de mestrado ou doutorado; 12 de atividade de prática de ensino, didática especial ou metodologia de ensino; 10 de projeto de extensão e 9 experiência em sala de aula. Quando analisados em função de sua origem institucional, verificamos que 81 trabalhos estão vinculados a instituições superiores públicas e cooperativadas; 7 de instituições superiores particulares; 9 de colégios de aplicação e CEFETs; 13 de colégio de aplicação/ensino médio e instituição universitária; 4 de escolas particulares e, 5 sem identificação. A Região Sudeste ficou com 56% (n = 64) dos trabalhos apresentados, a Região Sul com 29% (n = 33), a Região Nordeste com 10,5% (n = 12), a Região Centro Oeste com 1,5% (n = 2) e a Região Norte com 0,8% (n = 1). As reflexões e resultados de vários trabalhos presentes neste levantamento indicam problemas a serem enfrentados pelo o que estamos chamando de genética escolar. Estes vão desde a consideração de que a mesma possui uma abordagem pouco integrada e fragmentada, até a constatação da necessidade de melhoria na formação inicial e continuada dos professores para enfrentar a temática - seja pela atualização dos conteúdos repletos de constantes novidades, seja pelo preparo para enfrentar temas focalizados pela mídia e que merecem tomadas de posição ou considerações de ordem ética ou política. Encontramos nos trabalhos analisados um conjunto de dicas e de contribuições para minimizar esta abordagem fragmentada. Um outro aspecto crítico que merece ser discutido e superado, embora não tenha aparecido em muitos trabalhos do levantamento feito, mas em alguns que consideramos significativos, diz respeito ao que estamos chamando de abordagem simplificada na genética escolar. Concluímos considerando que é na esfera de produção de conhecimentos (pesquisa acadêmica) aliada a formação do professor, inicial ou continuada, que este novo discurso sobre a genética escolar mereça ser especialmente difundido e produzido. Entendemos que o professor pode se ver e atuar na construção dos novos saberes escolares, aliado a outros profissionais, detentores de outros saberes. É fundamental o estabelecimento de interações entre vários atores, dando destaque aos pesquisadores (tanto os ligados à educação, quanto os de bancada), atuando como socializadores de conhecimentos no exercício da docência; aos licenciandos, futuros profissionais do magistério com suas reflexões nascentes e, usualmente, animadas; e aos professores, que trazem suas experiências acumuladas, suas inquietações, suas carências de atualização, e principalmente - o feeling para repensar os saberes escolares. É nesta arena, que comporta outros interlocutores, que se encontra a discussão sobre uma nova genética escolar.